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O que é: Prescrição retroativa

A prescrição retroativa é um termo jurídico que se refere à aplicação retroativa de uma lei que estabelece um prazo de prescrição para a punição de um crime. A prescrição é o instituto que impede o Estado de exercer o seu poder punitivo quando o tempo decorrido desde a prática do crime ultrapassa o prazo estabelecido em lei. No entanto, em alguns casos, a lei pode ser alterada e estabelecer um novo prazo de prescrição, o que pode resultar na prescrição retroativa de um crime que já estava prescrito.

A prescrição retroativa é um tema complexo e controverso, que envolve questões de justiça, segurança jurídica e direitos fundamentais. Por um lado, a prescrição é um mecanismo importante para garantir que o Estado não exerça o seu poder punitivo de forma arbitrária ou desproporcional. Por outro lado, a prescrição retroativa pode levar à impunidade de crimes graves e causar revolta na sociedade.

Para entender melhor a prescrição retroativa, é necessário compreender o conceito de prescrição em si. A prescrição é uma forma de extinção da punibilidade, ou seja, do direito do Estado de punir o autor de um crime. Ela ocorre quando o prazo estabelecido em lei para a punição do crime é ultrapassado. A prescrição é uma garantia constitucional, prevista no artigo 5º, inciso XLVI, da Constituição Federal, que estabelece que “a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: […] prescrição, decadência, anistia, graça e indulto”.

A prescrição retroativa ocorre quando uma nova lei é promulgada, estabelecendo um novo prazo de prescrição para um determinado crime, e essa nova lei é aplicada retroativamente a crimes cometidos antes de sua entrada em vigor. Isso significa que um crime que já estava prescrito de acordo com a lei anterior pode se tornar passível de punição novamente, caso o novo prazo de prescrição não tenha sido ultrapassado.

Um exemplo prático de prescrição retroativa ocorreu no Brasil em 2019, com a promulgação da Lei nº 13.964/2019, conhecida como “Pacote Anticrime”. Essa lei alterou diversos dispositivos do Código Penal, do Código de Processo Penal e de outras leis penais, estabelecendo, entre outras coisas, novos prazos de prescrição para alguns crimes. Com a entrada em vigor dessa lei, crimes que estavam prescritos passaram a ser passíveis de punição novamente, caso o novo prazo de prescrição não tivesse sido ultrapassado.

A prescrição retroativa é um tema que gera debates acalorados entre juristas, estudiosos do direito e a sociedade em geral. Alguns defendem que a prescrição retroativa é uma forma de garantir a segurança jurídica e evitar que o Estado exerça o seu poder punitivo de forma arbitrária. Argumentam que a retroatividade da lei é uma forma de corrigir injustiças e garantir que todos sejam tratados de forma igual perante a lei.

Por outro lado, há aqueles que criticam a prescrição retroativa, argumentando que ela pode levar à impunidade de crimes graves e causar revolta na sociedade. Esses críticos defendem que a retroatividade da lei é uma forma de violar o princípio da irretroatividade da lei penal, previsto no artigo 5º, inciso XL, da Constituição Federal, que estabelece que “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.

Além disso, a prescrição retroativa também pode gerar insegurança jurídica, uma vez que a punição de um crime pode ser revivida mesmo após um longo período de tempo. Isso pode dificultar a defesa do acusado, que pode ter perdido evidências ou testemunhas ao longo dos anos.

Em resumo, a prescrição retroativa é a aplicação retroativa de uma nova lei que estabelece um novo prazo de prescrição para um crime. Esse tema é complexo e controverso, envolvendo questões de justiça, segurança jurídica e direitos fundamentais. A prescrição retroativa pode gerar debates acalorados entre juristas e a sociedade em geral, com argumentos a favor e contra essa prática. É importante que o tema seja discutido de forma ampla e aprofundada, levando em consideração os diversos aspectos envolvidos.

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